sexta-feira, 23 de março de 2012

dia #5 - Carlos

A memória é a única maneira de visitarmos o vivido, e só conseguimos reavivar as lembranças partindo de algo que nos remeta ao passado. A notícia da morte do Chico Anísio fez isso comigo.

Quando eu era criança, meu pai foi sócio, por pouco tempo, do Círculo do Livro, tendo que adquirir, mensalmente, no mínimo um livro. Nessa época eu só lia livros infantis recheados de ilustrações e não conhecia livro algum pelo nome do autor, até que um dia meu pai chegou do trabalho com Carapau, do Chico Anísio. Esse cara eu conhecia. Tentei ler o livro. Dei algumas risadas com uma página ou outra que descrevia um homem gordo que sofria de flatulência, fiquei intrigado com alguns palavrões que eu não conhecia o significado e, por fim, não tive fôlego para terminar o livro. Muitas vezes entediado dentro de casa, tornei a folhear suas páginas, até que o li por inteiro, descobrindo o Brasil, que, futuramente voltei a encontrar em livros do Jorge Amado e nas histórias dos meus familiares nordestinos... um país pitoresco.

Nunca tive uma aula de história no ensino fundamental ou médio sobre o coronelismo (se tive, foi tão inexpressiva que nem me lembro), mas tenho certeza que aprender sobre o Brasil oligárquico com a irreverência do Chico Anísio foi muito bom.

Nenhum comentário: